Instituto de Engenharia: 2º Congresso Brasileiro de Sprinklers (CBSpk) reafirma-se como principal evento direcionado ao segmento na América do Sul
Congresso promove a importância, o valor e a confiabilidade dos sistemas de sprinklers, fomenta a correta aplicação dos dispositivos por toda a cadeia produtiva e auxilia no desenvolvimento de uma rede de fornecedores confiável e segura.
A cidade do Rio de Janeiro sediou, entre os dias 25 e 28 de outubro, a 2º Edição do Congresso Brasileiro de Sprinklers (CBSpk), realizado no Windsor Barra Hotel, organizado pela Associação Brasileira de Sprinklers (ABSpk).
Cerca de 200 congressistas puderam atender às certificações técnicas e conferir as apresentações de 25 palestrantes sobre as atuais e futuras tecnologias de sprinklers, o estágio da legislação e regulamentação do Brasil para os sistemas de proteção e combate a incêndios, os desafios técnicos que envolvem projetos e instalações dos chuveiros automáticos e, ainda, conhecer os fabricantes do mercado e compartilhar melhores práticas. Prestigiaram também o evento representantes de Corpos de Bombeiros de sete Estados brasileiros, as entidades equivalentes à ABSpk no México e Colômbia, respectivamente Asociación Mexicana de Rociadores Automáticos Contra Incendios (AMRACI) e Asociación Nacional de Sistemas de Rociadores Automáticos Contra Incendios Colombia (ANRACI) e 16 empresas expositoras.
“Tínhamos o desafio de reafirmar o CBSpk como principal evento direcionado ao segmento na América do Sul, e conseguimos. Crescemos 15% em relação à primeira edição, realizada em 2014. O evento também serviu para promover a importância, o valor e a confiabilidade dos sistemas de sprinklers e fomentar a correta aplicação dos dispositivos pela cadeia produtiva” conta João Carlos Wollentarski Júnior, Diretor Presidente da ABSpk.
Nos dias 25 e 26, os participantes dedicaram-se à capacitação técnica, aprendendo com especialistas nacionais e internacionais da International Fire Sprinkler Association (IFSA) e National Fire Sprinkler Association (NFPA). Eles puderam aprofundar seu conhecimento nas normas NFPA 20 (bombas para proteção contra incêndio) e NFPA 25 (inspeção, teste e manutenção de sistemas hidráulicos de proteção contra incêndio), além de conhecer mais sobre cálculo hidráulico, softwares para dimensionamento e técnicas de proteção em áreas de armazenagem com sistemas de sprinklers.
“Certificamos aproximadamente 45 pessoas em cada uma das normas NFPA 20 e 25, e 55 profissionais nos cursos de cálculo hidráulico e software para dimensionamento dos sistemas de sprinklers”, afirma Wollentarski.
Os dois últimos dias foram pautados por painéis, debates e palestras sobre o mercado de sprinklers; legislação e regulamentação; tecnologias; certificações; iniciativas para disseminar o uso dos dispositivos; ações para aprimoramento de normas, e outros.
José Carlos Paiva, gerente executivo da ABSpk, abriu o evento dando as boas-vindas aos congressistas e recebendo o Deputado Federal Vicentinho, que lidera a Frente Parlamentar mista de segurança contra incêndio, criada em 14 de outubro de 2015.
Os principais objetivos da Frente são criar um modelo de lei nacional de segurança contra incêndio, fornecendo diretrizes para os Corpos de Bombeiros Militares; garantir a certificação de produtos e equipamentos; disponibilizar cursos técnicos e de nível superior direcionado para a formação de técnicos e engenheiros de prevenção a incêndios e, não menos importante, reunir e divulgar periodicamente estatísticas sobre incêndios no Brasil. “Estamos dialogando com o Poder Executivo e com as organizações da sociedade civil ligadas ao tema para estabelecer propostas, políticas e programas para a prevenção e combate a incêndios que possam ser efetivadas, unindo os diversos atores, inclusive nos Estados, contribuindo também para o aperfeiçoamento dos mecanismos e políticas públicas já existentes”, detalhou Vicentinho.
Até o momento, 204 senadores e deputados federais já assinaram o documento. E, segundo o Major da PMESP Rodrigo Quintino, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), que também palestrou durante o evento, o maior esforço atual da Frente está em coletar dados para justificar a nacionalidade da lei, como número de incêndios ocorridos no País, número e histórico de incidências de mortes, entre outros. Major Quintino complementou ainda que há cinco propostas legislativas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal que tratam de segurança contra incêndio, incluindo a desoneração tributária de equipamentos de combate e prevenção a incêndios.
A iniciativa da Frente Parlamentar vai ao encontro com o discurso de Felipe Decourt, Diretor Vice-Presidente da ABSpk e Diretor Executivo da Skop, fabricante nacional de sprinklers certificados. Durante sua apresentação no congresso, Decourt ressaltou a importância de três pilares para a garantia de um mercado confiável no que se refere à segurança contra incêndios: norma técnica, certificação e legislação. Na sua visão, é preciso uma norma técnica nacional robusta e adequada ao grau de amadurecimento e demanda do mercado; instituições certificadoras sérias, especializadas e experientes em sprinklers e no processo de certificação dos mesmos, além de uma legislação que direcione um padrão de qualidade na venda e na instalação dos sprinklers.
“Hoje o cliente adquire sprinklers e acha que está seguro, mas não está. Por conta da ausência de legislação, há uma enxurrada de bicos sem certificação no mercado, que apresentam risco de não funcionar quando for preciso. Com o tripé norma técnica associada à certificação e a uma legislação eficaz, ainda que o consumidor continue não sendo um especialista em sprinklers, ele estará seguro, pois fará a escolha entre dispositivos confiáveis. O próprio mercado evoluirá à medida em que tiver que atender à legislação e ao padrão técnico e de qualidade apresentado na Norma e exigido pela Certificadora”, diz o executivo. E acrescenta: “O Brasil já possui a norma NBR 16400/2015, resultado de um trabalho desenvolvido entre 2014 e 2015 no Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio (CB24) sob as diretrizes da ABNT normalizadora. Também temos boas certificadoras, como a ABNT e a UL BR. A meta da ABSpk, assim como do Corpo de Bombeiros e de certificadoras é apoiar os órgãos responsáveis para que façam com que os documentos governamentais regulatórios sejam aprovados e assinados, garantindo um padrão mínimo de qualidade”.
Aliás, a ausência de leis que tornem mais rigorosas as obrigatoriedades com relação à segurança é que o mais incentiva a importação de sprinklers sem certificação. Felipe Melo, Diretor Financeiro e Coordenador do Comitê Técnico da ABSpk comentou que “desde 2008, o mercado brasileiro cresceu muito na importação de sprinklers. Só em 2013 foram importadas 1,5 milhão de unidades, e 45% desse volume eram sistemas sem certificação. Este ano, os não certificados representam 75% do volume total importado”.
O tema “sprinklers sem certificação” foi marcado também pela apresentação dos resultados de um estudo feito pela IFSA com amostras provenientes de duas instalações no Estado de São Paulo: um prédio comercial situado na Av. Luis Carlos Berrini, na capital, e a garagem de um edifício, em Jundiaí. A proposta do ensaio consistia nas seguintes premissas: a remoção de uma amostra mínima de 50 unidades 100% não certificadas, provenientes de locais com utilizações diversas. Na prática, 486 sprinklers, sendo 390 pendentes e 96 upright, todos sem certificação, foram analisados e submetidos à verificação de 36 itens. Os dispositivos retirados foram substituídos por produtos certificados pelas empresas Underwriters Laboratories (UL), ABNT Certificadora e FM Approvals, e levados pela IFSA para a realização dos testes nos laboratórios da UL e FM, nos EUA. Eles foram submetidos a nove testes de desempenho, nenhum deles considerado crítico, e foram reprovados em sete. Entre os testes sob os quais os produtos foram avaliados, destacam-se: resistência de fluxo, operação do dispositivo, vedação, instalação, índice de tempo de resposta, distribuição, intensidade de uso, excesso de pressão e temperatura. “A conclusão do estudo mostra que os sprinklers do Brasil apresentaram índice de falha de 47,5%, número totalmente inaceitável, quando o máximo permitido pela UL/FM é de menos de 1%”, comenta Russ Fleming, Diretor Geral da IFSA.
Mas, para Paris Stavrianidis, Gerente Geral da FM Approvals, renomada certificadora internacional, outras variáveis são igualmente importantes para a confiabilidade dos sistemas de sprinklers, além da certificação dos dispositivos. Ele defende a necessidade de padronização de códigos de edificação e construção, instalação e comissionamento apropriados, e manutenção frequente dos produtos e equipamentos.
Os desafios encontrados nos projetos e instalações de sistemas de sprinklers também foram debatidos durante o Congresso. Proteção de lanternins, edifícios muito altos e tetos inclinados, por exemplo, são projetos específicos que necessitam de soluções diferenciadas, impactando no tipo de sprinkler utilizado, na forma como o dispositivo deve ser instalado, nos critérios de proteção, no cálculo hidráulico e até na forma de suportação dos dispositivos.
Claudio Ramalho, Diretor Técnico da Gamafire Soluções Contra Incêndios, expôs em sua apresentação o projeto Side-by-Side Burn, que consiste na simulação simultânea de incêndio em dois ambientes idênticos e dispostos lado a lado, sendo um protegido por sprinklers e o outro sem proteção, visando a comparar os efeitos resultantes do incêndio em cada ambiente. “Para ganhar força, um incêndio não precisa mais de quatro minutos. Mesmo que o Corpo de Bombeiros chegue rápido, digamos em 10 minutos, já não se pode mais controlar o fogo. Com sistemas de sprinklers certificados, a eficácia de se extinguir o fogo é de 95% e eles atrasam a propagação do fogo em 15 a 20 minutos, tempo suficiente para a chegada dos bombeiros combaterem o incêndio”, afirmou Ramalho. O ensaio serve para auxiliar a disseminação do uso de sprinklers e conscientizar a sociedade sobre a importância de usar equipamentos certificados que realmente previnam uma tragédia.
Outro destaque que prendeu a atenção dos congressistas foi a apresentação do Cel. Cássio Armani, subcomandante do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo (CBMESP), que relatou os desafios no combate a incêndios de edificações históricas, ilustrando sua narração com o caso do Museu da Língua Portuguesa, incendiado em dezembro de 2015. Cel. Armani esteve na ocorrência e narrou que os bombeiros tiveram dificuldade de chegar ao local pelo horário, pois era uma sexta-feira, 16h31, pico de trânsito na cidade de São Paulo. O incêndio, supostamente iniciado pelo superaquecimento de um equipamento elétrico, se alastrou por três pavimentos dos quatro do edifício, atingindo uma área de 3200m2, e foi combatido com 350 mil m3 de água. O tempo de controle do incêndio foi de seis horas, porém, os bombeiros permaneceram no local por 20 horas para dar a ocorrência como encerrada. Uma equipe de 165 bombeiros foi a responsável pela operação, auxiliada por outros órgãos envolvidos no incêndio, como a Polícia Militar do Estado de São Paulo, a Guarda Civil Metropolitana, a Companhia de Engenharia de Tráfego, a Defesa Civil municipal e estadual, a Polícia Técnico Científica e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas. “Felizmente, o museu tem um acervo digital extenso e todo com backup, então a perda do acervo não foi tão danificada. Entretanto, equipamentos de projeção, alto faltantes e tudo que havia de madeira no prédio foi perdido, além de um bombeiro ter perdido sua vida”, concluiu o Cel. Armani.
O tema de proteção de patrimônio histórico foi encerrado por Rosária Ono, arquiteta e professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP). Para Ono, várias equipes devem trabalhar juntas no planejamento dos sistemas de segurança de patrimônios históricos, além dos arquitetos. A colaboração de museólogos, museógrafos, curadores de exposição, programadores visuais, conservadores de acervos, responsáveis pela expografia, e especialistas de climatização, segurança e iluminação é fundamental na identificação das vulnerabilidades internas e externas da edificação, no nível de segurança necessário e seu custo, e na necessidade de complementação dos sistemas ativos e passivos.
João Carlos Wollentarski Jr, Presidente da ABSpk, terminou o CBSpk convidando a todos os participantes para a 3ª edição do Congresso, que será realizada em outubro de 2018.
Fonte: Instituto de Engenharia